O céu de opacas sombras abafado
Tornando mais medonha a noite feia,
Mugindo sobre as rochas, que salteia,
O mar em crespos montes levantado;
Desfeito em furacões o vento irado;
Pelos ares zunindo a solta areia;
O pássaro nocturno que vozeia
No agoireiro cipreste além pousado;
Formam quadro terrível, mas aceito
Mas grato aos olhos meus, grato à fereza
Do cume e saudade, a que ando afeito.
Quer no horror igualar-me a Natureza;
Porém cansasse em vão, que no meu peito
Há mais escuridade, mais tristeza...
Bocage - Noite tempestuosa
Sem comentários:
Enviar um comentário