segunda-feira, agosto 23, 2010

Ponto de vista do dia...

O mundo era uma estrutura muito complexa que só do mar se podia contemplar; e a terra firme só adquiria proporções tranquilizadoras de noite, durante o quarto de vigia, quando o timoneiro era uma sombra muda e das entranhas do barco chegava a trepidação suave das máquinas. Quando as cidades ficavam reduzidas a pequenas linhas de luzes na distância e a terra era a claridade trémula de um farol avistado na ondulação. Relâmpagos que alertavam, que repetiam sem parar: cuidado, atenção, mantém-te longe, perigo. Perigo.

Arturo Pérez-Reverte – O cemitério dos barcos sem nome

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