O mundo era uma estrutura muito complexa que só do mar se podia contemplar; e a terra firme só adquiria proporções tranquilizadoras de noite, durante o quarto de vigia, quando o timoneiro era uma sombra muda e das entranhas do barco chegava a trepidação suave das máquinas. Quando as cidades ficavam reduzidas a pequenas linhas de luzes na distância e a terra era a claridade trémula de um farol avistado na ondulação. Relâmpagos que alertavam, que repetiam sem parar: cuidado, atenção, mantém-te longe, perigo. Perigo.
Arturo Pérez-Reverte – O cemitério dos barcos sem nome
Sem comentários:
Enviar um comentário